A preservação de araucárias em Curitiba renderá incentivos construtivos aos proprietários de imóveis que abriguem árvores da espécie. O decreto nº 1035, que possibilita flexibilizar parâmetros construtivos em terrenos com a árvore símbolo do Paraná, foi assinado nesta quinta-feira (4/10) pelo prefeito Rafael Greca.
A assinatura ocorreu no Solar 907, pequeno edifício residencial construído recentemente na rua Desembargador Motta, cujo projeto arquitetônico se moldou na conservação de uma araucária. “Este prédio é um exemplo de solução arquitetônica amigável e de respeito às araucárias, que chegaram aqui muito antes de nós. Daqui tirei a inspiração para criar esse decreto que beneficia, com incentivos construtivos, proprietários e construtores a conservarem nos terrenos nossas lindas araucárias”, disse Greca.
Pelo novo decreto, caberá ao Conselho Municipal do Urbanismo avaliar processos urbanísticos em terrenos que tiverem uma araucária ou mais para oferecer condições especiais de construção mediante a preservação da árvore. Os benefícios podem ser na ampliação da taxa de ocupação do terreno, no aumento de número de pavimentos, na quantidade de estacionamentos, entre outros.
Segundo o secretário municipal do Urbanismo, Júlio Mazza, os benefícios dependerão de cada caso. “As condições oferecidas vão variar de acordo com cada processo, dependendo do tamanho, localização do terreno, entre outros fatores”, disse Mazza.
Antes da avaliação no CMU, os processos dessa natureza passarão pela análise da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e também pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc). Atualmente as regras para remoção de araucárias em Curitiba estão sujeitas a análise criteriosa da Secretaria do Meio Ambiente.
Na legislação de Curitiba também existe benefícios construtivos para quem preserva maciços florestais, como bosques. “Com esse decreto ampliamos a possibilidade de benefícios também para casos de terrenos com árvores (araucárias) isoladas”, explicou o presidente do Ippuc, Luiz Fernando Jamur.
A secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias, participou da assinatura do decreto.
Memória preservada
O edifício Solar pertence às irmãs Carmem e Cyntia Costa e foi construído no mesmo terreno de 273,6 metros quadrados onde elas moraram com os pais, Lúcia e João Costa.
Na antiga casa que ali existia, as irmãs cresceram com a araucária plantada há mais de 40 anos por um tio. “Todo ano minha mãe colhia pinhões e distribuía para os vizinhos. Essa é uma lembrança muito forte”, contou Carmem.
A construção mudou, mas a araucária continuou para produzir mais frutos e memórias afetivas. No novo prédio mora também a filha, o genro e a pequena Clara, neta Carmem.
Para a obra, a família contratou o escritório de arquitetura Doria e Lopes Fiuzza, que desenvolveu o projeto de maneira a preservar a araucária. “O terreno é pequeno e a primeira ideia foi realmente retirar a árvore, mas conseguimos adequar o projeto e mantê-la de forma a valorizar a construção”, disse Maicon Leitoles, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto.
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